Título Original:
Unbroken
Título Nacional:
Invencível
Pontuação: ★ ★ ★ ☆ ☆
Realização:
Angelina Jolie
Argumento: Joel
& Ethan Coen
Adaptação de
Unbroken de Laura Hillenbrand
Elenco: Jack O'Connell, Takamasa Ishihara,
Domhnall Gleeson,
Finn Wittrock, Garrett Hedlund
Info: Biografia
| Drama | Guerra | $65M | 137 min
Pelas mãos de
Angelina Jolie, chega-nos Unbroken, adaptado do livro homónimo de Laura
Hillenbrand de 2010. O filme retrata a incrível história de vida de Louie
Zamperini, atleta olímpico e herói de guerra norte-americano, sobrevivente de
um desastre de avião durante a Segunda Guerra Mundial, feito prisioneiro de
guerra das tropas japonesas, depois de 47 dias a viver numa jangada no
Pacífico. Ufa. Contado assim já é espantoso o suficiente. Pela segunda vez
sentada na cadeira de realização de uma longa-metragem, a realizadora agarra a
ambiciosa missão de materializar este drama épico, em que só o exemplo de resiliência
ultrapassa a violência das experiências.
Depois de um
primeiro filme menos bem acolhido pela crítica (In the Land of Blood and Honey –
2011), Angelina Jolie inicia a sua segunda experiência como realizadora deixando
o argumento para uns “modestos” irmãos Coen. Tendo como base o livro biográfico
da autoria de Laura Hillenbrand e os esboços de guião feitos por William
Nicholson (Gladiator, Les Misérables) e Richard LaGravenese (The Bridges of Madison County) – numa altura em que estava apontado à realização Francis
Lawrence, realizador dos últimos filmes da saga The Hunger Games e que nos
trouxe o brilhante videoclip de “Rock
your Body” de Justin Timberlake – Joel e Ethan Coen optam por transportar o
espectador pelo tempo e pelo espaço, através de flashbacks à infância de Zamperini, explicando assim a formação do
seu caráter ao longo da película. Esta decisão acaba por potenciar uma viagem de
caráter espiritual ao espectador, fazendo-o refletir sobre as bases que sustentam
a resistência e a força interior do personagem. Como consequência, perdemos um
pouco da emoção e da violência de cada uma das experiências que nos são
apresentadas, chegando ao cúmulo de uma cela escura em plena selva parecer
confortável, por comparação com um bote à deriva no Pacífico. Em todo o caso, a
história é tanta que seria sempre demasiado para ser apresentado ao detalhe em
duas horas e, inevitavelmente, o ritmo frenético acaba por roubar algum tempo
de reflexão e comoção.
No papel de
Zamperini encontramos Jack O’Connell, conhecido de alguns pelos recentes filmes
’71 e Starred Up – cujas prestações lhe valeram alguns prémios individuais e
nomeações – mas cara ainda desconhecida para muitos. Em Unbroken surpreende. A
dicotomia presente, entre o desespero das experiências traumáticas vividas e a
determinação e a garra patentes nos flashbacks
da juventude, evidencia bem a sua capacidade de encarnar estes dois tipos
distintos de papel. Nota muito positiva ao ator, definitivamente alguém a seguir
no futuro. Por sua vez, se a fatia do filme em que o personagem de Watanabe está
presente é reduzida, a profundidade e frieza que o ator Takamasa Ishihara lhe
confere fazem brotar no peito do espectador uma repulsa assinalável e que justifica
um tirar de chapéu ao ator pela eficácia. A soberba fotografia do filme (a
cargo de Roger Deakins) flui com a composição de Alexandre Desplat terminando
com um original (Miracles) dos britânicos Coldplay, um tanto ou quanto caído de
paraquedas.
Unbroken entrega-nos
uma base de reflexão sobre a capacidade que temos de desejar e lutar por alguma
coisa, de acreditar e de ter esperança. A realização de Angelina Jolie
afigura-se mais firme que a anterior, enquanto aguça o apetite para os seus
próximos trabalhos. A película termina com a triste notícia da morte de
Zamperini pouco depois do término das filmagens (Julho de 2014) mas com aquele bom
sentimento de justiça e completude de a sua história ser imortalizada,
juntamente com o seu exemplo de força, nesta obra.
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