quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

CRÓNICA: UNBROKEN

Título Original: Unbroken
Título Nacional: Invencível
Pontuação ★ ★ ★  

Realização: Angelina Jolie
Argumento: Joel & Ethan Coen
Adaptação de Unbroken de Laura Hillenbrand
Elenco: Jack O'Connell, Takamasa Ishihara, 
Domhnall Gleeson, Finn Wittrock, Garrett Hedlund
Info: Biografia | Drama | Guerra | $65M | 137 min



Pelas mãos de Angelina Jolie, chega-nos Unbroken, adaptado do livro homónimo de Laura Hillenbrand de 2010. O filme retrata a incrível história de vida de Louie Zamperini, atleta olímpico e herói de guerra norte-americano, sobrevivente de um desastre de avião durante a Segunda Guerra Mundial, feito prisioneiro de guerra das tropas japonesas, depois de 47 dias a viver numa jangada no Pacífico. Ufa. Contado assim já é espantoso o suficiente. Pela segunda vez sentada na cadeira de realização de uma longa-metragem, a realizadora agarra a ambiciosa missão de materializar este drama épico, em que só o exemplo de resiliência ultrapassa a violência das experiências.

Depois de um primeiro filme menos bem acolhido pela crítica (In the Land of Blood and Honey – 2011), Angelina Jolie inicia a sua segunda experiência como realizadora deixando o argumento para uns “modestos” irmãos Coen. Tendo como base o livro biográfico da autoria de Laura Hillenbrand e os esboços de guião feitos por William Nicholson (Gladiator, Les Misérables) e Richard LaGravenese (The Bridges of Madison County) – numa altura em que estava apontado à realização Francis Lawrence, realizador dos últimos filmes da saga The Hunger Games e que nos trouxe o brilhante videoclip de “Rock your Body” de Justin Timberlake – Joel e Ethan Coen optam por transportar o espectador pelo tempo e pelo espaço, através de flashbacks à infância de Zamperini, explicando assim a formação do seu caráter ao longo da película. Esta decisão acaba por potenciar uma viagem de caráter espiritual ao espectador, fazendo-o refletir sobre as bases que sustentam a resistência e a força interior do personagem. Como consequência, perdemos um pouco da emoção e da violência de cada uma das experiências que nos são apresentadas, chegando ao cúmulo de uma cela escura em plena selva parecer confortável, por comparação com um bote à deriva no Pacífico. Em todo o caso, a história é tanta que seria sempre demasiado para ser apresentado ao detalhe em duas horas e, inevitavelmente, o ritmo frenético acaba por roubar algum tempo de reflexão e comoção.

No papel de Zamperini encontramos Jack O’Connell, conhecido de alguns pelos recentes filmes ’71 e Starred Up – cujas prestações lhe valeram alguns prémios individuais e nomeações – mas cara ainda desconhecida para muitos. Em Unbroken surpreende. A dicotomia presente, entre o desespero das experiências traumáticas vividas e a determinação e a garra patentes nos flashbacks da juventude, evidencia bem a sua capacidade de encarnar estes dois tipos distintos de papel. Nota muito positiva ao ator, definitivamente alguém a seguir no futuro. Por sua vez, se a fatia do filme em que o personagem de Watanabe está presente é reduzida, a profundidade e frieza que o ator Takamasa Ishihara lhe confere fazem brotar no peito do espectador uma repulsa assinalável e que justifica um tirar de chapéu ao ator pela eficácia. A soberba fotografia do filme (a cargo de Roger Deakins) flui com a composição de Alexandre Desplat terminando com um original (Miracles) dos britânicos Coldplay, um tanto ou quanto caído de paraquedas.


Unbroken entrega-nos uma base de reflexão sobre a capacidade que temos de desejar e lutar por alguma coisa, de acreditar e de ter esperança. A realização de Angelina Jolie afigura-se mais firme que a anterior, enquanto aguça o apetite para os seus próximos trabalhos. A película termina com a triste notícia da morte de Zamperini pouco depois do término das filmagens (Julho de 2014) mas com aquele bom sentimento de justiça e completude de a sua história ser imortalizada, juntamente com o seu exemplo de força, nesta obra. 

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